sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Deserto

O "Deserto", na visão dos místicos, é o Deus do silêncio. O "Deserto", na pós-modernidade, é uma linguagem para nomear a ausência de Deus. É a alegoria do silêncio e a litânia dos horrores. O "Deserto" na vida dos profetas significava o encontro com Deus. Um lugar de passagem para o povo nômade (migrante). Também foi o local do exílio. Surge aqui o problema do mal: Onde está Deus diante do problema do mal. Talvez, Dante Alighieri. com a sua inusitada obra a "Divina Comédia" e Pablo Neruda consigam dar uma resposta a esta questão crucial. O Êxodo, personagem principal do "Deserto", remete-nos a serenidade do silêncio de Deus. Deus não pode ser nomeado ou limitado pelo ser, pois, o discurso sobre Deus seria um fracasso da linguagem. Como falar do divino ao mesmo tempo em que se permanece em silêncio? Como dizia Wittgenstein: "Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar". Trata-se da linguagem do não-dizer: apofase. Portanto, o "Deserto", por um lado é o local onde o corpo e a alma são facilmente feridos e, por outro lado o florescimento do Paraiso. Nomeamos o "Deserto" como lugar de refúgio: contemplação. Deus que além de Deus é por excelência o deserto divino (transcendência, imanência e transparência). E finalmente, o "Deserto" é o lugar da união nupcial com Deus.

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